TALIBÃ quer manter boas relações com o Japão
Um porta-voz do Talibã disse que o grupo islâmico deseja manter boas relações com o Japão, expressando esperança de que o país reabra sua embaixada recentemente fechada no Afeganistão.
Suhail Shaheen, o porta-voz que está em Doha, disse ao Kyodo News que o Talibã aprecia as atividades das organizações não governamentais japonesas no Afeganistão e enfatizou que o grupo garantirá a vida e a propriedade dos japoneses, bem como dos funcionários locais que trabalham na embaixada do país e ONGs.
“Todos nós afegãos devemos nos unir para reconstruir nosso país e reabilitação. Ninguém é apontado como apoiador de invasores e colaboradores dos EUA (e outros)”, disse Shaheen em respostas gravadas recebidas na terça-feira a perguntas enviadas via WhatsApp.
“Queremos que o Japão participe da reconstrução do Afeganistão. E pretendemos ter uma boa relação com eles”, disse ele, acrescentando que espera que o Japão forneça cooperação em várias áreas.
As ONGs japonesas têm atuado em áreas como educação, agricultura e saúde no Afeganistão. Entre eles está o grupo de ajuda Peshawar-kai, para quem o médico Tetsu Nakamura trabalhou antes de ser morto em dezembro de 2019 por homens armados na província oriental de Nangarhar. Nakamura foi o ganhador do Prêmio Ramon Magsaysay das Filipinas em 2003, apelidado de Prêmio Nobel da Ásia.
No poder entre 1996 e 2001, o Talibã impôs a lei islâmica estrita e restringiu os direitos das mulheres, inclusive na educação e no emprego.
Mas Shaheen disse: “As professoras começaram a frequentar a escola para lecionar nas escolas e também as alunas estão frequentando a escola como antigamente”.
“Elas podem ter acesso à educação e ao trabalho observando o hijab”, acrescentou ele, confirmando que as mulheres teriam direitos semelhantes aos de outros países, desde que usassem o véu religioso.
Embora o Talibã também tenha restringido severamente a liberdade de imprensa na última vez em que esteve no poder, o porta-voz disse que o grupo reconhecerá a liberdade da imprensa e que a mídia estrangeira poderá fazer reportagens de Cabul ou de qualquer outro lugar no Afeganistão.
“Estamos comprometidos com a mídia e a liberdade de imprensa”, ressaltou.
Com relação às forças anti-Talibã no nordeste de Panjshir, Shaheen disse que o Talibã quer resolver todas as questões por meio de negociações por meios pacíficos, mas acrescentou que depende das forças, indicando que recorreria às armas se necessário.
No início deste mês, o Talibã recuperou o controle do Afeganistão 20 anos depois de ter sido retirado do poder por forças lideradas pelos EUA, com o presidente Ashraf Ghani fugindo do país após a tomada de Cabul pelo grupo em 15 de agosto.
Diplomatas japoneses foram retirados para Dubai em 17 de agosto, depois que a embaixada na capital Cabul foi fechada em 15 de agosto.
Fonte: Kyodo
