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Estádio do Penta revive último título da seleção brasileira

Há duas décadas o Brasil conquistava o pentacampeonato mundial de futebol no Estádio de Yokohama. Que tal visitar o vestiário utilizado pelos Canarinhos no dia da grande final?

No próximo dia 6 de junho, Brasil e Japão se enfrentam no Estádio Nacional do Japão (antigo Estádio Olímpico de Tóquio) em jogo comemorativo aos 20 anos da conquista do pentacampeonato mundial pela seleção brasileira.

Porém, a conquista do penta foi no Estádio Internacional de Yokohama (atual Estádio Nissan), distante quase 40 quilômetros do Estádio Nacional do Japão. Era um domingo à noite, 30 de junho de 2002, quando o Brasil levantou pela quinta e última vez o título de uma Copa do Mundo da FIFA, em final disputada contra a Alemanha, com placar de 2 a 0 para os Canarinhos.

Estádio Internacional de Yokohama (Nissan Stadium) palco do Penta em 2002

 

Para o torcedor amante das boas recordações, vale a pena uma visita ao “Estádio do Penta”, aberto à visitação pública permanente, com guias voluntários. Porém, devido às restrições do covid, em junho estará aberto apenas nos dias 18, 19 e 22. É preciso fazer reserva no site do estádio!

O ponto de partida fica no Stadium Shop, na Entrada Leste, em um prédio circular em frente ao estádio, onde também se adquire o ingresso e o guia está aguardando. Nossa guia nos conta que o estádio foi construído em uma área baixa, onde havia plantação de arroz e por isso, desde 1998 quando foi inaugurado, o estacionamento do estádio foi alagado algumas vezes e nos mostra fotografias da época (foto abaixo).

Ao entrar no estádio, a visita começa pelo corredor do setor East Gate (entrada leste) onde outdoors contam a história do Mundial. Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos são os destaques (fotos abaixo).

Na caminhada pelo anel superior, a primeira visão é do gramado e da arquibancada. Mas o estranho silêncio nos faz exclamar “cadê os 72 mil torcedores daquela grande final, gritando PENTACAMPEÃO!!!?”

O silêncio é quebrado apenas por alguns funcionários trabalhando na conservação do gramado.

Após uma caminhada até a arquibancada principal, o acesso seguinte nos leva ao nível do gramado, no túnel em direção ao vestiário utilizado pela seleção brasileira. A porta abre, a visão geral nos mostra todas as camisas amarelas – a mais respeitada do mundo do futebol – cada qual pendurada por um cabide, em assentos individuais utilizados pelos jogadores.

Na parede acima de cada assento, tem o autógrafo do jogador que lá sentou e está devidamente protegido por uma lâmina de vidro. O primeiro assento é do capitão Cafu. O sexto assento é do Ronaldinho Gaúcho e o oitavo, o mais procurado pelos visitantes, sim, é do Ronaldo Fenômeno.

A guia nos diz: “pode sentar onde ‘Ronarudo’ sentou” e já vai pedindo a máquina fotográfica pois sabe que todos querem essa foto. Que honra! Sentar onde o Fenômeno sentou momentos antes de marcar os dois gols do título.

Ainda no vestiário, uma lousa (foto abaixo) utilizada pelo técnico Felipão conserva escrita a preleção antes do jogo: “100% JESUS CRISTO”. Uma curiosa numerologia aponta que as somas dos anos em que o Brasil foi campeão resultam em um mesmo número: 3.964. Porém, para este ano de 2022, apesar da conta não bater, quem sabe mesmo assim o Brasil conquiste o hexacampeonato no Catar:

Brasil

1970 + 1994= 3.964

1962 + 2002= 3.964

1958 + 2006= 3.964

O salão seguinte é o warming up, o aquecimento antes dos jogadores entrarem no gramado. Uma bola está disponível ao visitante para chutar no gol em tamanho original, desenhado na parede (foto abaixo). Foi lá que nosso goleirão Marcos treinou, momentos antes de fazer aquela defesa com as pontas dos dedos, após uma cobrança de falta de Neuville, lembram?

O setor seguinte é o memorabilia. Em uma vitrine estão colocadas a rede do gol na qual Ronaldo estufou por duas vezes na final e o pedestal onde o capitão Cafu subiu para erguer a taça, com a camisa escrita 100% Jardim Irene.

Em outra vitrine, o apito original doado pelo árbitro daquela partida, o italiano Pierluigi Collina, considerado pela Fifa o melhor daquele momento.

Uma vitrine individual homenageia Ronaldo Nazário, com uma camisa autografada pelo atacante e uma bola assinada pelo time campeão. Quem diria que Ronaldo, com seu problema de rompimento dos ligamentos do joelho esquerdo, que o deixaria inativo por quase dois anos, voltaria para a Copa do Mundo e se tornaria pentacampeão e artilheiro com oito gols?

Ao chegar na escadaria onde os jogadores das seleções do Brasil e Alemanha se perfilaram para entrar no gramado, a guia liga o equipamento de som e começa a tocar o hino da Copa do Mundo 2002, composto pelo grego Vangelis.

O visitante sobe a rampa com a sensação de estar escalado para o jogo final. É permitido chegar até a beira do gramado.

O mesmo hino foi tocado na entrada dos jogadores em campo, na entrega do troféu ao capitão Cafu e na volta olímpica, quando uma revoada de origami (dobradura em papel) de tsuru (garça, a ave sagrada do Japão) “choveu” do telhado do estádio.

O Comitê de Organização da Copa do Mundo 2002 recolheu mais de 2,7 milhões de origami confecionados por estudantes de quase três mil escolas de todas as províncias do Japão, especialmente para a ocasião da final da copa. Hoje, esses origamis viraram relíquias e são oferecidos em leilões pela internet.

Do gramado, subimos para o setor VIP. Lá estão demarcados os assentos que ocuparam lado a lado o Imperador do Japão e o presidente da Coréia do Sul no dia do jogo final. Algumas cadeiras mais adiante, sentaram o Rei Pelé, Diego Maradona, Michel Platini, Franz Beckenbauer (foto abaixo).

A excursão chega ao fim justamente na entrada do estádio. Lá está um monumento fundido em bronze (foto abaixo), com a marca do pé direito do capitão Cafu e a mão esquerda do goleiro alemão, Oliver Khan. Todos os nomes dos jogadores da final estão inscritos, incluindo a bandeira de Brasil e Alemanha e o placar daquele jogo – que nenhum brasileiro há de esquecer, 2 X 0.

O Estádio Nissan tem orgulho em abrir as portas para a visitação pública e mudou o antigo nome do passeio, World Cup Stadium Tour, para Yokohama Final Stadium – 3 Stadium Tours. Isto porque, foi palco da final da Copa do Mundo 2002, Copa do Mundo de Rúgbi 2019 e Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Após essa inesquecível viagem pelo Museu do Penta, agora é torcer para que no Catar venha o Museu do Hexa!!

Calendário

Em junho estará aberto nos seguintes dias: 18 (sábado), 19 (domingo) e 22 (quarta-feira).

Julho: 3 (domingo), 9 (sábado), 27 (quarta-feira) e 28 (quinta-feira).

Ingressos: ¥ 1.000 (adulto); ¥500 (estudantes até o kooko), grátis (abaixo de seis anos); ¥ 200. Para grupo de 20 pessoas ou mais: ¥ 800 (adulto); ¥ 400 (estudantes até o kooko) e grátis (abaixo de seis anos)

Horários 10h30; 12h00; 13h30; 15h00

Tempo médio da excursão: uma hora

Reservas para grupo pelo mail, em inglês: [email protected]

Home page: http://www.nissan-stadium.jp/english/index.php

Endereço do Nissan Stadium:

3300 Kozukue-cho, Kohoku-ku, Yokohama-shi 222-0036

Tel:045-477-5000 – Fax:045-477-5002

Acesso: Da estação Shin-Yokohama (JR Tokaido Shinkansen, JR Yokohama ou Yokohama Subway Line) são cerca de 15 a 20 minutos de caminhada. Para evitar passarelas e elevados nas imediações da estação Shin-Yokohama, o mais prático é seguir pelo corredor do metrô Yokohama Subway até a saída 8 e seguir as indicações das placas.

OSNY ARASHIRO – Jornalista, no Japão desde 1995, cobriu Copa do Mundo (França 1998, Japão/Coreia 2002) e 15 Mundiais de Clube. Metaleiro, roqueiro, pagodeiro e outros “eiros” e, claro, Dylaniano/Dylanesco…

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